quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

...manhã de muito


...tinhamos escutado Morrissey, New Order, uma velha coletânea do Animals, Secos e Molhados, Bob Marley, e outros, havia uma neblina invadindo a casa, apesar disso um cheiro quente, os narizes escorrendo, o último de pé havia colocado Bethânia, uma agonia no pé da barriga, uns emaranhados de flashes de memória denunciavam as gargalhadas da noite passada, garrafas e garrafas de cerveja, vinho e conhaque, câimbra no pé, alguém roncava, outros ainda gemiam de leve no outro cômodo, o violão pendia coitado, a luz do banheiro esquecida acessa, pratos na pia e na mesinha de centro, eu não era o único acordado, uns risinhos, levantei me apoiando nos poucos móveis, o cabelo no rosto, e cabelos em todos os lugares, pares de coxas vistas por trás pareciam me chamar a mergulhar sob a camiseta negra que escondia a xota, cuidado com os joelhos, calcanhares, e já na cozinha observava o casalzinho que tinha se preservado, dormiam na porta do banheiro, abri a porta da geladeira, despenquei na cadeira, admirei a luminosidade vazia e profunda que vinha dela a geladeira, aquela luz era quem eu estou pensando, então ele também estava na luz do banheiro esquecida acessa que iluminava por uma nesga parte da face do casal dormindo à sua porta, no cantinho do lábio de batom borrado dela um detalhe revelava a atividade suada da madrugada em todos os cantos da casa, achei atrás de um cesto que servia para acomodar alface uns iogurtes e atrás deles o que parecia ser talvez a última garrafa de vinho, peguei o iogurte e o vinho, me debrucei por sobre o murinho da cozinha americana e fiquei olhando o mar de gente, tomei iogurte no dedo, acendi um toco de cigarro que estava no cinzeiro em cima do mesmo murinho e sorvi vagarosamente do vinho em seu gargalo, a alguns segundos se fazia silêncio, ouvi passos e a porta do único quarto sendo aberta, o cara era mais ou menos da minha estatura e estava nu, me olhou, sorriu e foi em direção ao som com seu pau mole pingando porra e saliva no chão e nas pessoas, alguém xingou baixinho, ele colocou um cd do Drugstore, banda que eu gosto muito, ele passou por mim mais uma vez e foi ao banheiro enquanto eu olhava pela porta do quarto as meninas sonolentas mas ainda se pegando, quem havia xingado levantou e jogou o aparelho de som no chão, uma comoção geral e um estampido no banheiro, joguei minha camisa puída de botões no ombro peguei meu par de tênis e saí dalí com a garrafa de vinho, o que iria acontecer depois naquele ambiente eu saberia mais tarde quando voltasse no final do dia, há alguns dias era meu trajeto favorito, sair dalí...

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